Sobre o processo de formação de vínculo em uma equipe de corrida de aventura.
Espero que gostem!!!
Bjs a todos
A palavra “aventura” vem do latim (adventura) e quer dizer o que rompe com as rotinas dos dias e provoca o espanto, a surpresa, o memorável.
Como o próprio nome já diz, os esportes de aventura são aqueles que proporcionam aos seus praticantes uma aventura. O contato com a natureza é uma das suas principais características, além da incerteza, imprevisibilidade, risco corporal e muita adrenalina.
Os esportes de aventura surgem na década de 60 de maneira muito espontânea, e se desenvolvem na década de 70, concordando com os novos valores da sociedade e como uma necessidade de romper com a modernidade. São classificados conforme o ambiente em que são praticados como: aéreos, aquáticos, terrestres ou mistos. Atualmente, essas práticas estão se consolidando cada vez mais e contribuindo para um turismo de aventura cada vez mais massificado, devido ao avanço da tecnologia aplicada ao campo recreativo, à implantação de um paradigma ecológico, e a influência dos meios de comunicação.
A aventura é a consciência de existir. Isso porque ela se opõe à condição banal do homem, em que a sucessão de dias não sofre nenhum importuno. Tira o homem de sua zona de conforto e o arrasta da segurança para um mergulho numa gama de peripécias quaisquer para as quais não está preparado. A aventura torna-se um modo de vida e uma forma de relação com o mundo fora da rotina, notadamente perigosa e atraente que dá ao aventureiro uma consciência excitada de existir.
Fica claro que os esportes de aventura na natureza estão sendo cada vez mais associados à idéia de aventura e liberdade. É uma tendência de grupos de diferentes partes do mundo que buscam fazer coisas diferentes, fora do comum e da sua rotina diária. Estes esportes também possuem um caráter lúdico, uma vez que a atitude dos sujeitos que vivem a aventura no esporte é tomada por um risco no qual ousam jogar a si mesmos com a confiança do domínio cada vez maior da técnica e da segurança propiciada pela tecnologia. Subir uma montanha, descer em rapel ou nas correntezas de um rio são realidades que se efetuam pela experiência corporal, que é inseparável da atividade lúdica. A atividade lúdica, portanto, apresenta-se sempre como uma manifestação da subjetividade que estimula a fantasia e resiste às interpretações racionais.
Vivemos num mundo onde a segurança e a insegurança andam lado a lado. O ambiente é cheio de incertezas, as pessoas se individualizam e tomam decisões diárias com risco pessoal. Esse risco é companheiro do cotidiano e precisamos conhecê-lo, calculá-lo e controlá-lo. A forma como as pessoas administram os riscos e as decisões que devem ser tomadas, estão vinculados a comportamentos de ordem emocional e a dificuldades cognitivas. Assim, da mesma forma que o emocional pode destruir o autocontrole, as dificuldades cognitivas podem impedir o diagnóstico do que se está lidando. O homem, então, só pode se construir ancorando a segurança nele mesmo e para isso é preciso ousadia, audácia, presença constante e convivência com o risco. O risco escolhido é mais aceitável do que o risco imposto pelas circunstâncias, pois quando escolhido ele permite controlar o imponderável através do conhecimento do meio, do material utilizado, das capacidades técnicas e psicológicas de cada pessoa, sempre lembrando que o perigo é permanente e exige atenção constante. Conhecer os riscos leva ao gosto pela transgressão e se transforma em forma de vida, marcando uma individualidade. É considerado como uma forma que o indivíduo se dá para renascer e ganhar mais força no seu modo de viver.
Facilmente os praticantes dos esportes de aventura se pegam transgredindo os limites possíveis, ligados a incertezas e riscos, autorizados pela confiança de ser capaz de fazer e associado a um excitante e reconfortante prazer de realização. É o gosto pela Vertigem, essa emoção corporal excitante que permite extinguir a realidade, por um instante, levando a consciência uma espécie de pânico prazeroso, embriaguez gratuita e atordoamento físico e psíquico. É a capacidade de brincar com o seu próprio estado desagradável.
O que se observa é que as pessoas que tendem para a prática dos esportes de aventura sabem que causam em seus próprios corpos, com esses desníveis, um fenômeno psicofisiológico, uma descarga de adrenalina que provoca êxtase. Há um nível de endorfinas produzido bioquimicamente pelo organismo que permite fabricar um estado anestesiante, condição com a qual os sujeitos adquirem resistência à dor, ao desgaste a que o organismo está sendo submetido, dando a sensação de alívio, prazer e capacidade de extensão dos limites. As endorfinas podem ser obtidas pela alta estimulação da adaptação do organismo a um determinado nível de esforço.
Além do gosto pelo esporte de aventura, fatores da personalidade como alta necessidade de estímulo e um forte senso de autonomia, mediados pelo meio social da pessoa são traços fundamentais para os amantes do risco. A procura pelo esporte de aventura raramente está vinculada ao ganho financeiro. Diferentemente dos demais esportes, o que motiva é a alegria de ultrapassar os próprios limites. Há sempre uma procura por mais investimentos em uma aventura mais complexa e ousada, cheia de riscos e incertezas.
Referências
COSTA, V.L.M. Esportes de aventura e risco em alta montanha. São Paulo: Editora Manole, 2000.
SILVA, F. N.: Sobre o processo de formação de vínculo em uma equipe de corrida de aventura. Monografia (Especialização em Psicologia do Esporte). Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, 2009.
UVINHA, R.R. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Editora Manole, 2001.
Muito legal! Fiquei muito interessada em ler a sua monografia.
ResponderExcluirmendesale@yahoo.com.br
Obrigada! Os textos estão quase todos aqui. Mas, encaminharei a monografia para vc, sem problemas! Espero que goste. Bjs
ResponderExcluir