quarta-feira, 30 de março de 2011

O que as mulheres têm de tão específico?


Texto que demonstra o início de um trabalho maravilhoso coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Margarido e pela Prof. Dr. Kátia Rubio: o Ambulatório da Mulher Atleta no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo.



Parabéns a vocês e que essa nova geração de atletas possa disfrutar dessa atenção especial com todo o respeito que merecem.


Segue texto de Kátia Rubio

Ouço com certa freqüência essa pergunta. Além de ter que conviver com piadas desagradáveis do tipo que fomos feitas a partir de um pedaço da costela de Adão, ou que somos uma caixa preta como disse Freud ou ainda que somos sensíveis dos nervos, como sugeriu Pierre de Coubertin.

Independente dos argumentos o que podemos observar é que ao longo de alguns séculos as mulheres buscaram de diferentes formas, com mais ou menos sucesso, firmar sua identidade. No âmbito esportivo isso se deu a duras penas. Na Antiguidade a exclusão feminina era justificada pelo não exercício da cidadania. No final do século XIX, a condição de coadjuvantes era justificada pela fragilidade física e emocional.

No entanto, o que se observou ao longo do século XX foi a crescente participação feminina não apenas no ambiente competitivo, mas também em terrenos consagrados como masculinos, fossem eles no campo da gestão ou na condição de técnicas.

As mulheres atletas brasileiras apresentam uma trajetória de lutas e conquistas, embora bastante distinta das norte-americanas ou européias. Um fato que me chamou a atenção, e provocou um projeto de pesquisa, foi o início da participação feminina brasileira em Jogos Olímpicos se dar em 1932 e, no entanto, as primeiras medalhas serem conquistadas apenas em 1996. Os resultados da pesquisa apontam várias questões e dentre elas está a falta de cuidado específico com as atletas.

Diante desses dados e buscando entender que a saúde da mulher merece cuidados específicos foi criado o Ambulatório da Mulher Atleta no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo com a coordenação do Prof. Dr. Paulo Margarido, chefe da Ginecologia do HU e minha. A idéia surgiu de nossas preocupações com atletas que vínhamos atendendo e apresentavam demandas específicas e que escapavam às avaliações habituais. Atletas com variações de humor em função de variação hormonal podem ver todo o esforço de 4 anos de trabalho, um ciclo olímpico, se perder. Sabe-se que a incidência de fraturas por stress em mulheres atletas é muito maior que em homens e isso também parece estar relacionado com a variação hormonal. Essas e tantas outras inferências nos mobilizaram a oferecer um serviço que pudesse contribuir para a carreira de mulheres atletas, não apenas para os próximos Jogos Panamericanos ou os Jogos Olímpicos de 2012 e 2016, mas pensando principalmente nas muitas gerações que ainda virão e que poderão ser respeitadas na sua singularidade, como atletas, como mulheres e como cidadãs.



sábado, 26 de março de 2011

Qualidade de Vida... Como anda a sua?

Olá!!!

Este site é bem legal. Desde que vc não tente "se enganar", ele dará uma noção de como anda a sua idade interior. Para isso, basta responder algumas questões relacionadas a sua alimentação, saúde e estilo de vida. Vale a pena conferir...

http://www.idadeinterior.com.br/

Bjs a todos!!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

E-Books, Biblioteca Virtual e Dicas de Filmes!

Olá!!!

Agora o Blog também possui algumas dicas de leituras e filmes. Tudo direcionado a área da Psicologia Clínica e Esportiva.

Se você é profissional, estudante, atleta ou simplesmente tem curiosidade sobre o tema, aproveite!

Bjs a todos!

sábado, 19 de março de 2011

Acompanhamento Psicológico do Atleta Lesionado

Olá!

Esse texto sobre lesão no esporte é da Gisele Silva.

Tema bem interessante e que, infelizmente, é sempre atual no esporte...

Bjs a todos!
 

Dentro dos diversos temas discorridos pela Psicologia Esportiva, um dos que exige uma atenção especial está relacionado ao acompanhamento psicológico direcionado ao atleta afastado do esporte por apresentar algum tipo de lesão.
Quando todo o cuidado despendido na prática esportiva não é suficiente para evitar uma lesão, o atleta necessita submeter-se ao que chamamos de reabilitação física, na qual visa promover a recuperação e o retorno do profissional à atividade anterior desempenhada.
Em alguns casos, muitos atletas, devido à exigência que um esporte de alto rendimento trás ao corpo, direcionam mais atenção e tempo na cura das enfermidades do que na própria atividade de treinamento e competição.
Diante de fatores como estes, as lesões podem ser compreendidas como um grande problema, pois implica em perdas na carreira, físicas e que ocorrem de maneira imediata e futura do rendimento esportivo, considerando o tempo que o atleta permanece inativo e o período que se dedica à recuperação da lesão.
Esse tempo ocioso pode contribuir com a sensação de prejuízo de performance, ganho de peso e a percepção sobre a incapacidade de realizar o que antes fazia com facilidade. Assim, o seu “prejuízo emocional” se deve principalmente a falta de confiança e um aumento considerável da ansiedade que esse processo de reabilitação ocasiona no atleta. Algumas reflexões que os atletas em processo de recuperação constantemente se fazem, são: “Será que um dia voltarei a jogar como antes?”; “O que eu vou fazer se não conseguir me recuperar?”; “Quanto tempo mais ficarei sem jogar?”
A reabilitação irá depender de vários fatores como: o nível e as conseqüências físicas geradas pela lesão, somadas ao apoio médico oferecido e a adesão do atleta ao tratamento. Assim, cada pessoa pode dar sentido à lesão de maneira muito pessoal. Determinadas pessoas poderão acreditar ser uma catástrofe, outras poderão entender como um alívio e como uma maneira de interromper treinos tediosos, pessoas que verão a lesão como uma forma de proteger sua própria reputação caso não esteja jogando da melhor maneira, ou até mesmo, ter uma desculpa aceitável para afastar-se.
Infelizmente, durante a realização desse processo, o acompanhamento psicológico nem sempre se faz presente, deixando assim, de trabalhar a elaboração dos desgastes emocionais que a lesão pode causar. Além desse fator importante, preparar o atleta para o retorno às atividades esportivas pode auxiliar em diversas questões, como, por exemplo, insegurança, motivação, enfrentamento das questões envolvidas no tratamento, elaboração de novas metas e expectativas quanto à eficácia do próprio desempenho para a execução da prática da modalidade.
A experiência do período de lesionamento vivenciado por um atleta pode ser compreendida por um estágio composto por cinco fases, sendo: negação (o atleta não aceita o que lhe aconteceu), raiva (o atleta passa a perceber que está limitado por conseqüência do trauma sofrido), negociação (o atleta começa a se dar conta da necessidade de tomar algumas ações visando promover a melhoria), depressão (começa a se ver como atleta lesionado podendo se sentir mais deprimido, perdendo a identidade de atleta e excluído da equipe que faz parte) e aceitação/reorganização (caso o atleta passe por essas fase anteriores, ele passa para a etapa conhecida como aceitação, buscando reorganizar a vida para voltar depressa aos treinos).
Outras reações psicológicas podem ser vivenciadas, como, por exemplo: a perda de identidade pessoal, o medo e o alto nível de ansiedade por se preocupar com sua recuperação, da incidência de uma nova lesão, assim como a possibilidade de alguém substituí-lo na equipe, falta de confiança, reclamar exageradamente e apresentar alterações de humor.
Um dos primeiros passos do psicólogo será compreender qual o estado emocional e físico que o atleta se encontra para, a partir daí, iniciar uma intervenção adequada que possa atender a demanda de maneira eficaz.
O acompanhamento psicológico irá proporcionar ao atleta a oportunidade de falar sobre o momento que esta vivenciando, expondo as dificuldades que implicam nesse processo de recuperação, como também, auxiliá-lo na criação e planejamento de estratégias que possam contribuir com a superação da lesão e retomada das atividades profissionais. Uma delas será o estabelecimento de novos objetivos, como, por exemplo, programar uma data para o regresso aos treinos, realização das sessões de fisioterapia solicitadas pelo departamento médico, concentrar-se durante os exercícios físicos, manter o pensamento positivo, dentre outras. O psicólogo também poderá fazer uso de determinadas técnicas (visualização, palavras-chave, diário com as atividades realizadas, etc) a fim de otimizar o acompanhamento realizado.
Vale ressaltar a importância do auxilio social ao atleta durante todo esse processo. O apoio dos companheiros de equipe e comissão técnica, amigos e familiares podem contribuir para que esse período seja menos doloroso, promovendo assim, uma sensação de acolhimento, renovando a motivação para o enfrentamento das situações envolvidas durante esse período.
Enfim, o acompanhamento psicológico pode ser considerado um aliado fundamental no processo de recuperação do atleta para retomada das atividades esportivas.

Gisele Silva/Psicóloga do Esporte – CRP: 06/86059

Referencias:

MARKUNAS, M. Reabilitação psicológica de atletas lesionados. In: Psicologia do Esporte Aplicada. 1ª edição. São Paulo: Editora: Casa do Psicólogo, 2003. 173/191p.

PIERRO, C. D. Tema do texto: “Pense Positivo”; Disponível em: http://o2porminuto.uol.com.br/scripts/materia/materia_det.asp?idMateria=1765&idCanal=5&stCanal=Colunas. 2008. Acesso: 27 Fev 2011.

PLATONOV, V. N. Teoria Geral do Treinamento Desportivo Olímpico. In: As lesões e as enfermidades no desporto. Porto Alegre: Artmed, 2004. 602/610p.

SAMULSKY, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole, 2002.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Liderança, Coesão Grupal e Formação de Equipe


Olá!

Mais um texto da minha monorafia.

Espero que gostem!!!

Bjs a todos!



Falar sobre liderança e coesão grupal é fundamental quando se pensa em equipes. O grupo é um dos fenômenos mais pesquisados em Psicologia do Esporte visto a importância que adquire o seu funcionamento no resultado da performance.
Para se tornar uma equipe esportiva o grupo deve passar por algumas etapas como: formação, agitação, normalização e atuação. A formação é o momento de familiarização entre os membros do grupo e sua estruturação; a agitação refere-se às manifestações das diferenças e dos conflitos, considerados como uma fase normal da evolução grupal. É também nessa fase que percebemos certa resistência ao líder que está se constituindo; na normalização é estabelecida a identidade grupal e são instituídas as normas e regras (nem sempre explícitas), ao passo que se observam atitudes de solidariedade e cooperação entre os membros; a atuação é o momento de realização da tarefa que pressupõe a existência da equipe.
Nesse sentido é importante que o grupo tenha interação, cooperação e tolerância em um constante processo de adaptação e estabilização. A diferenciação que se forma a partir desta integração também contribui para o fortalecimento da identidade grupal e de sua coesão.
Os valores técnicos individuais, a capacidade de coordenação das relações sociais e as lideranças efetivas são somas de valores que podem levar uma equipe a possibilidade de sucesso.
A coesão de uma equipe se dá quando existe uma determinação entre os membros em construir e perseguir objetivos. Desta forma, é necessário que exista um clima de confiança e cumplicidade estabelecido ao longo da convivência, sendo o bom resultado dependente muito mais da relação existente entre os membros da equipe do que o desempenho individual de cada atleta.
Cada um busca o seu papel na equipe e para isso se envolvem em comparações sociais, avaliando as forças e fraquezas uns dos outros.
A coesão é um processo complexo, dinâmico e variável ao longo do tempo, que não surge de repente e, por isso, deve ser trabalhada entre os atletas, permanentemente.
Os fatores pessoais são pontos relevantes no contexto esportivo, que podem afetar o desenvolvimento da coesão do grupo. Eles envolvem o motivo pelo qual cada um está participando da atividade e como está atuando nesse grupo, ou seja, se possui atitude, compromisso e satisfação para executar o que é proposto.
Uma equipe coesa também tem o seu líder e esse deve ser a pessoa que influencia os indivíduos e o grupo para a realização das tarefas estabelecidas. Ele promove relacionamentos interpessoais, fornece feedback, motiva e auxilia na tomada de decisão. Um líder necessita de estilo e comportamentos de liderança, além de manter um bom relacionamento com o grupo, ao passo que representa um papel importante para a coesão da equipe e deve sempre manter uma comunicação clara, consistente e direta com o grupo no que se refere aos objetivos, às tarefas e aos papéis assumidos pela equipe.
O domínio de uma pessoa em relação à outra é determinado pela capacidade carismática exercida pela figura dominante. O indivíduo que ocupa este lugar tende a ser idealizado e imitado pelos demais, pois a priori, é ele quem possui conhecimento e capacidade para perceber, instruir e aconselhar a respeito das habilidades necessárias.
O líder de uma equipe assume uma forma particular de autoridade, participando de forma ativa do processo de construção de normas e valores do grupo principalmente quando sua liderança surge espontaneamente. Desta forma, percebe-se que o líder representa uma grande influência nos demais membros da equipe, sendo imprescindível observarmos seu estilo de liderança para entendermos a dinâmica grupal.
Portanto, considera-se interessante para que ocorra uma liderança favorável que o líder tenha uma boa relação afetiva com o grupo, que a tarefa seja altamente estruturada e que a posição de poder do líder seja forte.
Com a equipe formada, a maturidade do grupo está à prova, pois cada um deve saber o seu papel e o de cada companheiro. Nesse período a solidariedade e a cooperação devem substituir a disputa e a agressividade. Há uma soma de esforços que tornam a equipe mais produtiva.
A literatura (Machado, 2006; Weinberg e Gould, 2001; Rubio, 2003; Becker, 1998; Pichon-Rivière, 1986), nos deixa claro que para se obter um grupo propício a resultados é necessário certa habilidade dos membros do grupo em desenvolver uma relação de afetividade e interação entre si.
Em um grupo verdadeiramente operativo, cada indivíduo sabe o seu papel específico e o desempenha de acordo com as leis da complementaridade, mostrando-se assim um grupo aberto à comunicação, em pleno processo de aprendizagem social e em frequente relação dialética com o meio.
Acredita-se que quanto mais coeso for o grupo mais eficaz ele será. A grande questão, porém, tem sido como conseguir atingir este grau de afetividade. Trata-se do desenvolvimento de padrões de intervenção que possibilitem o manejo de situações onde a interação e o estreitamento das relações favoreçam a formação do vínculo.

Referências:
BECKER JUNIOR, B., SAMULSKI, D. Manual de treinamento psicológico para o esporte. Feevale: Novo Hamburgo, 1998.

MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte: da educação física escolar ao esporte de alto nível. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

SILVA, F. N.: Sobre o processo de formação de vínculo em uma equipe de corrida de aventura. Monografia (Especialização em Psicologia do Esporte). Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, 2009.

PICHON-RIVIÈRE, H. O processo grupal. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

RUBIO, K. Psicologia do esporte aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

WEINBERG, R. S., GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Entrevista ao Blog: Psicologia no Esporte

Olá!

Segue entrevista minha e da Gisele ao Blog do Rodrigo Falcão sobre o nosso trabalho com o Rugby.

Espero que gostem!!!

Bjs a todos.


Entrevista – Gisele Silva e Fátima Novais.

Dando continuidade a série de entrevistas “Quem faz a psicologia do esporte?”. O Blog teve o prazer de entrevistar uma dupla. Segue abaixo o perfil de nossas entrevistadas e um pouco do relato de duas experiências.


Gisele Silva: Psicóloga, formada pela Universidade São Judas Tadeu; Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Sedes Sapientiae. Desde então, se dedica para a implantação da psicologia esportiva nos clubes que atua, sendo, Sociedade Esportiva Palmeiras e Seleções Brasileiras de Rugby (Union e Seven).

Fátima Novais: Psicóloga formada pela Universidade São Judas Tadeu. Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atuou em busca do alto rendimento com atleta de BMX Bike Vertical, com as equipes de natação de São Caetano, com as categorias de base do basquete da Sociedade Esportiva Palmeiras e com a Seleção Brasileira Masculina de Rugby XV. Atualmente vem desenvolvendo um trabalho com a Seleção Brasileira Masculina de Rugby Seven.

***

Blog -  Como e por que escolheram a psicologia do esporte para atuar? Conte-nos suas trajetórias?

Gisele: Todos os temas relacionados ao esporte sempre me chamaram atenção e, assim, percebi que o meu maior interesse estava relacionado à compreender como era para o atleta obter o seu melhor desempenho num ambiente cercado de cobranças e pressões. Ai veio a Psicologia do Esporte.

Fátima: Sempre tive paixão pela área do Esporte e da Psicologia. Cheguei prestar vestibular para Educação Física e não passei. Optei pela Psicologia. Ainda no segundo ano da faculdade descobri a Psicologia do Esporte e desde lá tracei como objetivo conhecer a atuar nessa área. A Psicologia Clínica foi me ganhando aos poucos e hoje trabalho nas duas áreas.

Blog - Como é o trabalho que vocês desenvolvem na Seleção Brasileira masculina de Rugby?

Gisele e Fátima: O nosso trabalho com os atletas tem dois focos distintos que se complementam. O primeiro é o trabalho individual com o objetivo de promover o autoconhecimento de cada atleta, pois quanto mais conhecimento ele tiver sobre si, maior será a condição de prever e controlar seu comportamento no ambiente esportivo; O acompanhamento individual também está direcionado para o desenvolvimento de estratégias psicológicas que possam contribuir no alto desempenho. E, o segundo, foca em trabalhar temas que estão relacionados à coesão do grupo. Alinhar a comunicação e metas grupais, entre outras, que farão a equipe alcançar o sucesso nos torneios que disputa.  O nosso trabalho também se expande para todos os membros da comissão técnica e diretoria da CBRu (Confederação Brasileira de Rugby).

Blog - Como é trabalhar numa seleção nacional em que o esporte ainda é amador no Brasil e não possui representatividade e reconhecimento pelo grande público? Quais são os desafios que vocês enfrentam?

Gisele e Fátima: Para nós, trabalhar com a Seleção é a oportunidade de contribuir nesse processo de evolução da modalidade no Brasil. Iniciamos bem no período de transição de Associação para Confederação Brasileira de Rugby, acompanhamos o passo a passo desde o primeiro patrocínio e tudo que foi conquistado até agora e, por isso, acreditamos que esse reconhecimento já está acontecendo. O maior desafio é validar a importância do papel do psicólogo esportivo e, demonstrar através de um trabalho intensivo como as ferramentas especificas da área podem contribuir para auxiliar no equilíbrio emocional e na melhora da performance de cada atleta.

Blog - Quais expectativas de vocês com relação a inclusão do Rugby Seven nos jogos olímpicos no Rio de Janeiro em 2016?

Gisele e Fátima: A expectativa é que a evolução da modalidade continue em constante crescimento no Brasil. Temos a oportunidade de acompanhar de perto o trabalho intenso que está sendo realizado pela Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) para viabilizar as melhores condições na preparação dos atletas nesse grande desafio. Acreditamos que através do empenho dos nossos atletas e das divulgações feitas pela mídia, os brasileiros (todos) poderão conhecer de perto essa modalidade que tem agora a oportunidade de mostrar seus reais valores. Quem pratica um esporte de alto rendimento sabe o quanto significa cada conquista até a vitória. Com Rugby não é diferente. Houve um grande período de “anonimato” por parte do público que, para os atletas participantes, foi nada mais que um período de fortalecimento dos seus sonhos. Agora chegou o momento e estão conseguindo mostrar o quanto estão evoluindo.

Blog - Além da Seleção de Rugby, vocês também atuam em outros esportes coletivos existem semelhanças  na atuação em diferentes modalidades?

Gisele e Fátima: Sim, são semelhantes, considerando que o objetivo de forma geral não é só o alto rendimento, mas também a promoção do bem estar psicológico do sujeito no ambiente esportivo.  Porém, o que vai modificar são as atividades a serem desenvolvidas em cada modalidade pelas questões e prioridades individuais que cada atleta ou cada equipe possui. No Palmeiras, o trabalho com a base está pautado no processo de formação do atleta.

Blog - Que tipo de estratégias vocês utilizam na preparação psicológica de atletas?

Gisele e Fátima: As estratégias partem do conhecimento do clube e sua filosofia. Em seguida realizamos um trabalho individual de conhecimento dos atletas. Para o trabalho em grupo utilizamos dinâmicas, discussão de temas e vídeos, relaxamento, trabalho de respiração, palavra-chave, mentalização, etc.

Blog - Quais são as principais dificuldades que vocês enfrentam (se é que elas existem) na diferentes áreas da psicologia do esporte que vocês atuam?

Gisele e Fátima: Dificuldades sempre surgem, mas não são impeditivas. Atualmente estamos apenas na área do alto rendimento e há uma diferenciação entre as categorias de base, categorias adultas e o atleta que busca algo individual na clínica. Talvez a maior dificuldade seja fazer compreender que a preparação emocional deve compor a grade cotidiana de treinamento do atleta buscando benefícios não apenas imediatos, mas sim, resultados eficientes a médio e longo prazo como o trabalho realizado para o desenvolvimento das demais habilidades envolvidas no processo de aprendizagem do atleta, sendo: técnicas, táticas e físicas.

Blog – Na opinião de vocês, qual é a importância da psicologia para atletas de alto rendimento?

Gisele e Fátima: Acreditamos que a Psicologia do Esporte possa colaborar muito para a administração dos níveis das emoções de forma que estas não interfiram de maneira negativa na evolução esportiva (rendimento físico, técnico e tático), e sim, promova a otimização do desempenho do atleta. Não considerar os aspectos psicológicos é não considerar o máximo desse atleta e, neste sentido, a psicologia do esporte pode ser um diferencial.
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Seguem os dados para contato com as entrevistadas:

Gisele Silva: gimaria.silva@hotmail.com -  11- 9895.6908.
Fátima Novais: psicologa.fatimanovais@hotmail.com - 11- 9540-7101

quarta-feira, 9 de março de 2011

Esportes de Aventura

Pessoal, vou colocar uma sequência de textos da minha monografia:
Sobre o processo de formação de vínculo em uma equipe de corrida de aventura.

Espero que gostem!!!

Bjs a todos



 A palavra “aventura” vem do latim (adventura) e quer dizer o que rompe com as rotinas dos dias e provoca o espanto, a surpresa, o memorável.

Como o próprio nome já diz, os esportes de aventura são aqueles que proporcionam aos seus praticantes uma aventura. O contato com a natureza é uma das suas principais características, além da incerteza, imprevisibilidade, risco corporal e muita adrenalina.

Os esportes de aventura surgem na década de 60 de maneira muito espontânea, e se desenvolvem na década de 70, concordando com os novos valores da sociedade e como uma necessidade de romper com a modernidade. São classificados conforme o ambiente em que são praticados como: aéreos, aquáticos, terrestres ou mistos. Atualmente, essas práticas estão se consolidando cada vez mais e contribuindo para um turismo de aventura cada vez mais massificado, devido ao avanço da tecnologia aplicada ao campo recreativo, à implantação de um paradigma ecológico, e a influência dos meios de comunicação.

A aventura é a consciência de existir. Isso porque ela se opõe à condição banal do homem, em que a sucessão de dias não sofre nenhum importuno. Tira o homem de sua zona de conforto e o arrasta da segurança para um mergulho numa gama de peripécias quaisquer para as quais não está preparado. A aventura torna-se um modo de vida e uma forma de relação com o mundo fora da rotina, notadamente perigosa e atraente que dá ao aventureiro uma consciência excitada de existir.

Fica claro que os esportes de aventura na natureza estão sendo cada vez mais associados à idéia de aventura e liberdade. É uma tendência de grupos de diferentes partes do mundo que buscam fazer coisas diferentes, fora do comum e da sua rotina diária. Estes esportes também possuem um caráter lúdico, uma vez que a atitude dos sujeitos que vivem a aventura no esporte é tomada por um risco no qual ousam jogar a si mesmos com a confiança do domínio cada vez maior da técnica e da segurança propiciada pela tecnologia. Subir uma montanha, descer em rapel ou nas correntezas de um rio são realidades que se efetuam pela experiência corporal, que é inseparável da atividade lúdica. A atividade lúdica, portanto, apresenta-se sempre como uma manifestação da subjetividade que estimula a fantasia e resiste às interpretações racionais.

Vivemos num mundo onde a segurança e a insegurança andam lado a lado. O ambiente é cheio de incertezas, as pessoas se individualizam e tomam decisões diárias com risco pessoal. Esse risco é companheiro do cotidiano e precisamos conhecê-lo, calculá-lo e controlá-lo. A forma como as pessoas administram os riscos e as decisões que devem ser tomadas, estão vinculados a comportamentos de ordem emocional e a dificuldades cognitivas. Assim, da mesma forma que o emocional pode destruir o autocontrole, as dificuldades cognitivas podem impedir o diagnóstico do que se está lidando. O homem, então, só pode se construir ancorando a segurança nele mesmo e para isso é preciso ousadia, audácia, presença constante e convivência com o risco. O risco escolhido é mais aceitável do que o risco imposto pelas circunstâncias, pois quando escolhido ele permite controlar o imponderável através do conhecimento do meio, do material utilizado, das capacidades técnicas e psicológicas de cada pessoa, sempre lembrando que o perigo é permanente e exige atenção constante. Conhecer os riscos leva ao gosto pela transgressão e se transforma em forma de vida, marcando uma individualidade. É considerado como uma forma que o indivíduo se dá para renascer e ganhar mais força no seu modo de viver.

Facilmente os praticantes dos esportes de aventura se pegam transgredindo os limites possíveis, ligados a incertezas e riscos, autorizados pela confiança de ser capaz de fazer e associado a um excitante e reconfortante prazer de realização. É o gosto pela Vertigem, essa emoção corporal excitante que permite extinguir a realidade, por um instante, levando a consciência uma espécie de pânico prazeroso, embriaguez gratuita e atordoamento físico e psíquico. É a capacidade de brincar com o seu próprio estado desagradável.

O que se observa é que as pessoas que tendem para a prática dos esportes de aventura sabem que causam em seus próprios corpos, com esses desníveis, um fenômeno psicofisiológico, uma descarga de adrenalina que provoca êxtase. Há um nível de endorfinas produzido bioquimicamente pelo organismo que permite fabricar um estado anestesiante, condição com a qual os sujeitos adquirem resistência à dor, ao desgaste a que o organismo está sendo submetido, dando a sensação de alívio, prazer e capacidade de extensão dos limites. As endorfinas podem ser obtidas pela alta estimulação da adaptação do organismo a um determinado nível de esforço.

Além do gosto pelo esporte de aventura, fatores da personalidade como alta necessidade de estímulo e um forte senso de autonomia, mediados pelo meio social da pessoa são traços fundamentais para os amantes do risco. A procura pelo esporte de aventura raramente está vinculada ao ganho financeiro. Diferentemente dos demais esportes, o que motiva é a alegria de ultrapassar os próprios limites. Há sempre uma procura por mais investimentos em uma aventura mais complexa e ousada, cheia de riscos e incertezas.

Referências

COSTA, V.L.M. Esportes de aventura e risco em alta montanha. São Paulo: Editora Manole, 2000.

SILVA, F. N.: Sobre o processo de formação de vínculo em uma equipe de corrida de aventura. Monografia (Especialização em Psicologia do Esporte). Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, 2009.

UVINHA, R.R. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Editora Manole, 2001.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ai que estresse…

Correria, trânsito, trabalho, cursos, contas a pagar… Não podemos nos isolar do mundo moderno, mas podemos adotar atitudes e comportamentos que nos levem de volta ao bem estar sempre que este é afetado, ou seja, buscar uma relação sadia com nossa mente, com o ambiente e com o corpo. Buscar a harmonia do comportamento coletivo e individual.

Fácil? Claro que não.

Vamos aprendendo durante a nossa vida a valorizar determinadas situações e desprezar outras. Aprendemos a ter expectativas quanto ao presente e ao futuro e, de certa forma, sempre esperamos algo das pessoas e de nós mesmos. Mas, cuidado! Expectativas exageradas ou não satisfeitas podem nos deixar extremamente frustrados, gerando um estado de desequilíbrio do organismo e nos levar ao estresse.

Neste contexto o exercício físico pode ser nosso aliado.

O exercício físico inclui uma enorme variedade de atividades, não precisando necessariamente nos limitar à academia. Este deve ser uma diversão e não um trabalho que lhe cause mais pressão ou estresse. Consulte um médico e experimente algumas atividades diferentes até encontrar aquela que mais lhe agrada, sem sacrifícios ou obrigação.

A ordem é promover a qualidade de vida e desenvolver a capacidade de superar desafios!

Bjs a todos!