sábado, 19 de março de 2011

Acompanhamento Psicológico do Atleta Lesionado

Olá!

Esse texto sobre lesão no esporte é da Gisele Silva.

Tema bem interessante e que, infelizmente, é sempre atual no esporte...

Bjs a todos!
 

Dentro dos diversos temas discorridos pela Psicologia Esportiva, um dos que exige uma atenção especial está relacionado ao acompanhamento psicológico direcionado ao atleta afastado do esporte por apresentar algum tipo de lesão.
Quando todo o cuidado despendido na prática esportiva não é suficiente para evitar uma lesão, o atleta necessita submeter-se ao que chamamos de reabilitação física, na qual visa promover a recuperação e o retorno do profissional à atividade anterior desempenhada.
Em alguns casos, muitos atletas, devido à exigência que um esporte de alto rendimento trás ao corpo, direcionam mais atenção e tempo na cura das enfermidades do que na própria atividade de treinamento e competição.
Diante de fatores como estes, as lesões podem ser compreendidas como um grande problema, pois implica em perdas na carreira, físicas e que ocorrem de maneira imediata e futura do rendimento esportivo, considerando o tempo que o atleta permanece inativo e o período que se dedica à recuperação da lesão.
Esse tempo ocioso pode contribuir com a sensação de prejuízo de performance, ganho de peso e a percepção sobre a incapacidade de realizar o que antes fazia com facilidade. Assim, o seu “prejuízo emocional” se deve principalmente a falta de confiança e um aumento considerável da ansiedade que esse processo de reabilitação ocasiona no atleta. Algumas reflexões que os atletas em processo de recuperação constantemente se fazem, são: “Será que um dia voltarei a jogar como antes?”; “O que eu vou fazer se não conseguir me recuperar?”; “Quanto tempo mais ficarei sem jogar?”
A reabilitação irá depender de vários fatores como: o nível e as conseqüências físicas geradas pela lesão, somadas ao apoio médico oferecido e a adesão do atleta ao tratamento. Assim, cada pessoa pode dar sentido à lesão de maneira muito pessoal. Determinadas pessoas poderão acreditar ser uma catástrofe, outras poderão entender como um alívio e como uma maneira de interromper treinos tediosos, pessoas que verão a lesão como uma forma de proteger sua própria reputação caso não esteja jogando da melhor maneira, ou até mesmo, ter uma desculpa aceitável para afastar-se.
Infelizmente, durante a realização desse processo, o acompanhamento psicológico nem sempre se faz presente, deixando assim, de trabalhar a elaboração dos desgastes emocionais que a lesão pode causar. Além desse fator importante, preparar o atleta para o retorno às atividades esportivas pode auxiliar em diversas questões, como, por exemplo, insegurança, motivação, enfrentamento das questões envolvidas no tratamento, elaboração de novas metas e expectativas quanto à eficácia do próprio desempenho para a execução da prática da modalidade.
A experiência do período de lesionamento vivenciado por um atleta pode ser compreendida por um estágio composto por cinco fases, sendo: negação (o atleta não aceita o que lhe aconteceu), raiva (o atleta passa a perceber que está limitado por conseqüência do trauma sofrido), negociação (o atleta começa a se dar conta da necessidade de tomar algumas ações visando promover a melhoria), depressão (começa a se ver como atleta lesionado podendo se sentir mais deprimido, perdendo a identidade de atleta e excluído da equipe que faz parte) e aceitação/reorganização (caso o atleta passe por essas fase anteriores, ele passa para a etapa conhecida como aceitação, buscando reorganizar a vida para voltar depressa aos treinos).
Outras reações psicológicas podem ser vivenciadas, como, por exemplo: a perda de identidade pessoal, o medo e o alto nível de ansiedade por se preocupar com sua recuperação, da incidência de uma nova lesão, assim como a possibilidade de alguém substituí-lo na equipe, falta de confiança, reclamar exageradamente e apresentar alterações de humor.
Um dos primeiros passos do psicólogo será compreender qual o estado emocional e físico que o atleta se encontra para, a partir daí, iniciar uma intervenção adequada que possa atender a demanda de maneira eficaz.
O acompanhamento psicológico irá proporcionar ao atleta a oportunidade de falar sobre o momento que esta vivenciando, expondo as dificuldades que implicam nesse processo de recuperação, como também, auxiliá-lo na criação e planejamento de estratégias que possam contribuir com a superação da lesão e retomada das atividades profissionais. Uma delas será o estabelecimento de novos objetivos, como, por exemplo, programar uma data para o regresso aos treinos, realização das sessões de fisioterapia solicitadas pelo departamento médico, concentrar-se durante os exercícios físicos, manter o pensamento positivo, dentre outras. O psicólogo também poderá fazer uso de determinadas técnicas (visualização, palavras-chave, diário com as atividades realizadas, etc) a fim de otimizar o acompanhamento realizado.
Vale ressaltar a importância do auxilio social ao atleta durante todo esse processo. O apoio dos companheiros de equipe e comissão técnica, amigos e familiares podem contribuir para que esse período seja menos doloroso, promovendo assim, uma sensação de acolhimento, renovando a motivação para o enfrentamento das situações envolvidas durante esse período.
Enfim, o acompanhamento psicológico pode ser considerado um aliado fundamental no processo de recuperação do atleta para retomada das atividades esportivas.

Gisele Silva/Psicóloga do Esporte – CRP: 06/86059

Referencias:

MARKUNAS, M. Reabilitação psicológica de atletas lesionados. In: Psicologia do Esporte Aplicada. 1ª edição. São Paulo: Editora: Casa do Psicólogo, 2003. 173/191p.

PIERRO, C. D. Tema do texto: “Pense Positivo”; Disponível em: http://o2porminuto.uol.com.br/scripts/materia/materia_det.asp?idMateria=1765&idCanal=5&stCanal=Colunas. 2008. Acesso: 27 Fev 2011.

PLATONOV, V. N. Teoria Geral do Treinamento Desportivo Olímpico. In: As lesões e as enfermidades no desporto. Porto Alegre: Artmed, 2004. 602/610p.

SAMULSKY, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole, 2002.

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